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Contemplados Do Edital: 5. Caranguejo Tabajares Resiste + CPDH – Recife (PE)

contemplados do edital: 5. Caranguejo Tabajares Resiste + CPDH – Recife (PE)

Oficina de audiovisual em comunidade envolvida em conflito fundiário. A produção audiovisual resultante será exibida em um festival audiovisual temático sobre direito ao protesto e à moradia, seguido de debates, realizado pelas próprias comunidades.

O Coletivo Caranguejo Tabajares Resiste é formado por moradores da comunidade Caranguejo Tabajares em Recife (PE), envolvida em conflito fundiário, liderados por Sarah Marques, mobilizadora comunitária, e Reginaldo Pereira, coordenador da Biblioteca Comunitária de Caranguejo Tabaiares; a proposta enviada ao edital da ARTIGO 19 foi elaborada junto com membros do Centro Popular de Direitos Humanos, uma organização que atua com direito à cidade e liberdade de expressão há sete anos, tanto na assessoria jurídica às comunidades quanto realizando formações e mobilização comunitária.

A proposta contemplada foi uma oficina de audiovisual, facilitada pelos realizadores Pedro Andrade e Paulo de Andrade, a partir da qual a comunidade de Caranguejo Tabajares produziu um mini documentário. O objetivo é que, através da ferramenta do audiovisual, os participantes possam expressar sua própria história, problematizar suas condições e objetivá-las em um roteiro e na gravação. Esse processo é uma oportunidade para analisar o contexto no qual estão inseridos, compreender as forças e os agentes que fazem com que aquela condição se instale ou se modifique e, neste processo, reafirmar suas identidades.

Esse público, que sofre amplos processos de exclusão social, geralmente não participa da produção da própria imagem e é sistematicamente apresentado ao conjunto da sociedade sob o impacto da tragédia, violência e confrontos com a polícia. São muito raras as ocasiões em que podem expressar suas perspectivas – sua imagem é construída por meios de comunicação hegemônicos, quase sempre pela perspectiva do grotesco e do estranho – o que só faz aumentar o preconceito contra essa população, diminuindo sua auto-estima.

A reflexão sobre as questões potencializa o protagonismo dos jovens para que estes se tornem sujeitos históricos ativos e protagonistas de suas vidas. E os participantes da oficina podem multiplicar esse movimento em suas realidades, potencializando seu alcance.

O mini-documentário produzido na oficina integrará uma mostra de documentários sobre direito à moradia que será exibido em várias outras comunidades também ameaçadas pelo conflito fundiário: Pilar, Coque, Bode, Muribeca, Casarão da Tamarineira, Armazém do Campo (em parceria com o MST) e Caranguejo Uçá (Ilha de Deus). Todas essas comunidades sofrem com a falta de política habitacional da cidade do Recife e com a falta de diálogo e participação popular. Serão realizadas oito exibições desse material, seguidas de debates sobre direito à moradia e liberdade de expressão.

Nas exibições nas ruas das comunidades, conhecer sujeitos em contextos semelhantes e que expressam suas opiniões na tela de projeção permitirá que os espectadores possam questionar o olhar dos grandes meios de comunicação sobre as comunidades, que geralmente as colocam como um lugar de violência e criminalidade. Os debates serão ocasiões para a escuta atenta do outro e podem auxiliar na construção de estratégias de resiliência diante das dificuldades, ampliando e fortalecendo as redes que já existem entre algumas dessas comunidades. O objetivo é contribuir para a formação de cidadãos e cidadãs ativos/as, conscientes de seus direitos e capacitados a reivindicá-los nas devidas instâncias.

A mostra também contribuirá para a democratização do acesso às obras audiovisuais, sobretudo aquelas que estão fora do circuito comercial, fortalecendo o trabalho de difusão das produções pernambucanas e brasileiras, formando um público mais crítico e consciente e estimulando outras comunidades a lutar pelas suas pautas, seja pela arte ou por outros tipos de manifestações.

As oficinas tiveram início em outubro de 2019.

O mini-documentário também está disponível online:


@caranguejotabaiaresresiste

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