contemplados do edital: 2. Grupo Identidade – Belo Horizonte (MG)
Performance “Formação Black Bloc”, com dança e musicalidade afro-periférica, pelo Grupo Identidade, formado por 14 jovens de 16 a 27 anos, oriundos de projetos sociais e moradores da favela de Aglomerado da Serra
Uma bricolagem de textos, slams, músicas, coreografias e ações físicas com o objetivo de denunciar o silenciamento e a negação das questões da periferia. “Formação Black Bloc” é uma performance realizada por 14 jovens com idades entre 16 a 27 anos. O Grupo Identidade (dirigidos por Pablo Rocha, autor da proposta) tem longo currículo de participações em apresentações, espetáculos, mostras, palestras, festivais e concursos de dança na cena belo-horizontina. Seus integrantes são oriundos de projetos sociais de Aglomerado da Serra, uma das maiores favelas do país.⠀
O que era atividade extracurricular virou chance de profissionalização na arte e oportunidade de fomentar as culturas das favelas, apresentar outras perspectivas e olhares para as periferias e pautar questões ligadas à identidade e às variadas desigualdades sociais, raciais e de gênero, entre outras.
As referências às práticas não-convencionais, como as roupas pretas e os rostos cobertos que preservam o anonimato, refletem a opção por uma denúncia radical de inúmeras violências, discriminações, educação sucateada, muito trabalho, muita luta, muito suor, muito sangue e poucos direitos.
A proposta dizia: “aceitar silenciosamente as políticas de racismo e de sexismo é calar-se diante deste abismo, principalmente no que tange ao abuso de corpos negros. Tendo em vista que a educação de qualidade nunca chegou à Periferia, negando ao pobre informação para reconhecer sua própria condição social e, por outro lado, a cultura negra que continua sendo pouco reconhecida e muito perseguida, é preciso assumir uma forma radical de denúncia”, dizia a descrição, submetida por Pablo Rocha Xavier, um dos integrantes do Grupo Identidade. “Provocaremos as/os moradoras/es das periferias a reconhecer que a falta de políticas públicas de vida silencia suas vozes e lhes nega o lugar de cidadania dentro do corpo político. Compreender a falta de espaço para suas demandas é também compreender o ciclo de exclusão que a maioria dos moradoras/es da periferia encontra-se condicionado há décadas”.